Doces de fruta.
Desde miúdo que me lembro de compotas e doces de fruta caseiros que se faziam por casa, o díficil era esperar que arrefecessem o suficiente para conseguir pôr o dedo e provar.
O cheiro que perfumava a casa toda era delicioso, o ritual de esperar que engrosse naturalmente, o apurar, adoro rituais.
Quantas vezes queimei a ponta do dedo ou a língua porque não aguentava esperar ...
O meu avô era o especialista, o único que tinha paciência e amor para as fazer, o resto da família só tinha de esperar, a espera era horrível, pelo menos para mim era muito dolorosa. Creio que é desde essa altura que gosto tudo muito mais quando está morno... Sim sim já sei, a conversa da dor de barriga... Felizmente nunca passei mal, deve ser mito.Saudades do meu avô, faleceu há 9 anos e nestas pequenas coisas sinto que ele está ao meu lado.
Antes de iniciar crê-se que a diferença entre doce e compotas é que o doce tem pedaços e a compota é com base em purés.
Pois bem o que eu fiz foi uma docecompota. É bom chamar as coisas pelos nomes, afinal é o que mais importa...
- Comecei por limpar o pimento vermelho como podem ver no vídeo aqui. Retiro sempre a parte mais esbranquiçada do pimento, é o que o torna mais indigesto.
- Numa frigideira com azeite bem quente deixei o pimento corar bem, a ideia foi dar o sabor de assado ao resultado final, fica bastante mais saboroso.
- Quando já estava bastante corado retirei para uma panela larga para que o calor se espalhe de maneira mais uniforme.
- Adicionei depois uma mão cheia de açúcar mascavado, gosto muito de trabalhar com este açúcar, para além de ser mais natural é muito mais saboroso, mexo, mexo e remexo. Adoro fazer doces, o brilho, o cheiro, a paixão que passamos. O doce capta tudo. Cozinhar com amor? Muito mais sabor, com toda a certeza.
- Adiciono um pouco de água e deixo cozer muito bem.
- Após a cozedura retiro o pimento para dentro de um robot de cozinha e passo muito bem. Se necessário adiciono um pouco do caldo. O caldo resultante da cozedura vale ouro. É nesta altura que quando provo o caldo, fecho os olhos e viajo ao passado.
- Após estar uma massa bem homogénea volto a colocar na panela larga, adiciono um pouco do caldo e vou mexendo para ir apurando. Vai lentamente engrossar, perder a água em excesso e vai ficando cada vez mais apetitoso. Pois bem, falta o ingrediente principal.
- As Physalis... O pimento escolhi-o por ser um sabor maravilhoso. Envolve tudo muito bem, tem alguma acidez e aquela "agressividade" mas em compota fica com uma suavidade e envolvência brutais. Sendo a physalis um alimento "nobre" decidi mantê-la o mais inalterada possível.
- Aquele toque levemente doce e ácido iria sair realçado na suavidade do pimento.
- Comecei então por fazer finas rodelas das physalis, sim, foi um trabalho de paciência. Contudo também poderia por as physalis inteiras e ao trincar libertar-se-iam os sabores, mas ter "bolas" dentro da compota não me agradou, claro que o calor do doce iria faze-las desfazerem-se. Passando a frente, com as rodelas feitas salteei-as em azeite bem quente. Adicionei um pouco de brandy para ainda espicaçar mais o sabor. Posteriormente coloquei no doce de pimento, envolvi muito bem, umas pedras de flor de sal para espicaçar e voilá...
Doce/compota de pimento vermelho e physalis. Soberba. Para acompanhar uma torrada, umas bolachas de água e sal ou até mesmo mergulhar o dedo...
Ingredientes para 2 frascos de 250g:
5 Pimento Vermelhos
500gr Physalis
250gr Açúcar Mascavado
q.b Água
q.b. Azeite
q.b. Brandy
q.b. Flor de sal
Sem comentários:
Enviar um comentário